AMIGOS DO PROFESSOR ZÉ WILSON

quinta-feira, 11 de junho de 2009

JORNALISMO: LIBERDADE DE TODOS OU PODER ÀS CLASSES DOMINANTES?

Primeiramente precisamos discutir o que é o jornalismo e qual sua influência na vida das pessoas?
Diariamente ouvimos esta discussão, principalmente entre as pessoas mais “esclarecidas”, mais críticas, pois afinal de contas, todas as formas de “media” que fazem parte da nossa vida, estão nos influenciando dia-a-dia.
Podemos dizer que o jornalismo mostra a realidade, principalmente para quem escreve, ou ainda, na visão do comentarista. Mas será que realmente podemos confiar que tudo aquilo que passa nos jornais ou é escrito em revistas é a pura verdade. Será que não é apenas uma parte da verdade sob o olhar de quem está narrando? Com certeza, o jornalismo não mostra a realidade, mas apenas retalhos, onde a curiosidade é a tônica.
Para os profissionais da área, com certeza, o jornalismo trata da realidade ou é simplesmente a realidade.
Podemos dizer que o jornal é uma forma de transmissão de conhecimento, pois comunica através de um fato ocorrido, de uma pesquisa.
Mas, afinal de contas, o que é o jornalismo?
Para TRAQUINA (2004) “o jornalismo é a vida, tal como é contada nas notícias de nascimentos e mortes, tal como o nascimento do primeiro filho de uma cantora famosa ou a morte de um sociólogo conhecido mundialmente. É a vida em todas as suas dimensões”. Com esta afirmação fico me perguntando: o que muda a minha vida com o nascimento do filho de alguém famoso? Quais interferências minha vida pode ter a partir desta informação? Por outro lado, a notícia da morte de um cientista famoso, com certeza pode mudar a minha vida, até pelo fato de que esta pessoa pode ter influenciado a vida de milhares de pessoas com suas pesquisas, seus estudos e argumentos.
Os vários jornais diários contam a vida dividida em pequenas partes, “em seções” influenciando-nos de forma mais intensa do que podemos imaginar. Aquilo que o jornalismo moderno vende como notícia, não é apenas ficção, ou seja, “os acontecimentos ou personagens das notícias não são invenção dos jornalistas”. A forma como os fatos ou acontecimentos são narrados é que podem sofrer alterações de acordo com o sentimento e o sentido que o profissional quer dar. Tudo que nos rodeia pode ser elemento para a notícia jornalística; vivemos procurando no nosso dia-a-adia, ao nosso redor as informações necessárias, através do jornalismo. O jornalismo contribui pra a formação da nossa personalidade, pois é “uma atividade intelectual”. O jornalismo tem a função de informar o público, sem sofrer nenhuma censura, desde que esteja cumprindo a missão de informar e não somente dar opinião.
Concordamos com o fato de que o jornalismo pode ser “essencial para a troca de idéias e opiniões”, desde que ele forneça as informações para que a comunidade em geral faça a sua própria leitura e não apenas aceite como a mais fiel verdade e/ou realidade.
Isto pode ser muito interessante, desde que possamos discutir a luz da razão se o “jornalismo é um ‘contra-poder’ ou um ‘poder’ a serviço dos ‘poderosos”.
Se o jornalismo estiver a serviço dos interesses da classe dominante, das elites, do mundo neoliberal, com certeza estará manipulando a sociedade em geral, estará enganando e logrando. Dessa forma poderíamos dizer que estaria a serviço dos poderosos, ajudando a manter a estrutura que oprime e domina as pessoas menos informadas ou esclarecidas. Com certeza este tipo de jornalismo seria “apenas um espaço fechado de reprodução ideológica do sistema dominante”.
Mas, também, o jornalismo pode ser um “contra-poder”, ou seja servir como meio para que as classes dominadas, os grupos minoritários, as mulheres, os índios, os negros, grupos religiosos discriminados, homossexuais, e outros, possam dar seu grito de liberdade, sem nenhum tipo de manipulação, apenas servindo como instrumento de informação e de esclarecimento.
Acreditamos que assim, este tipo de jornalismo, será um “espaço aberto a todos os agentes sociais na luta política e social”, sendo instrumento da liberdade incondicional. Concordaríamos com Antonio Gramsci, de que assim o jornalismo seria aceito pela grande maioria, desenvolvendo um projeto social.
Aqui cabe ressaltar se o jornalista é livre ou está condicionado às idéias de grupos dominantes. Gostaríamos de acreditar que o jornalismo é livre e que escreve aquilo que seria de interesse da maior parte da sociedade.
Podemos também dizer que com a liberdade e a troca de idéias, o jornalismo, além de ter a função de informar o cidadão, também funciona como guardião do governo. Não estaria com certeza, desta forma, a serviço de apenas um grupo dominante, o grupo político.
O campo jornalístico pode e deve ser usado como um recurso para que as classes menos privilegiadas e os agentes de transformação social ofereçam “vozes alternativas” para a transformação da sociedade, numa sociedade mais justa, fraterna e igualitária, ou que pelo menos seja menos brutal a diferença entre os que detêm o poder e aqueles que são meramente dependentes.
Mesmo condicionados, o trabalho jornalístico tem o poder de contribuir e de construir as notícias, “na construção da realidade”, agindo como guardião dos interesses da maioria, como serviço público, defendendo os cidadãos de quaisquer formas de abuso do poder dominante.
Não gostaríamos de tratar o jornalismo apenas como um negócio e as notícias meramente mercadorias. Queremos tratar o jornalismo como fonte de conhecimento, que busca os acontecimentos e trás a luz da razão para todos aqueles que porventura debruçam-se sobre as notícias e leituras de outros tipos de ‘media’ buscando formas de vencer e buscando alternativas e soluções para os problemas encontrados na transformação social.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

MARCONDES FILHOS, C. A saga dos cães perdidos. 2 ed. são Paulo: Hacker., 2002.

ZANCHETTA JÚNIOR, J. Imprensa escrita e telejornal. São Paulo: Unesp, 2004.

TRAQUINA, N. Teorias do jornalismo: porque as notícias são como são. vol. 1. Florianópolis: Insular, 2004.

MOUILLAD, M; PORTO, S. D. O jornal: da forma ao sentido. 2 ed. Brasília: editora da Universidade de Brasília, 2002.

SOUZA, J. P. Teorias da notícias e do jornalismo. Chapecó: Argos, 2002.

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