AMIGOS DO PROFESSOR ZÉ WILSON

terça-feira, 9 de junho de 2009

Cultura e Cidadania

1 Descreva a cultura do povo brasileiro.

Acredito que a cultura do povo brasileiro seja extremamente rica, pois tem muitas variantes, até pelo fato de que desde o momento em que se inicia o “processo de colonização” pelos europeus, além dos povos que aqui já se encontravam, uma imensidade de culturas foi acrescida, através da migração de milhares de pessoas dos mais diversos lugares do planeta, bem como da mistura principal de nossa etnia, seja ela formada por brancos, negros e índios. Isto faz com que a nossa cultura seja riquíssima em detalhes e por isso seja tão diferente da de outros povos.

2 Até que ponto a cultura conduz um projeto de sociedade? Ou é um projeto de sociedade que conduz a cultura? Explique.

Com certeza a cultura conduz o projeto de sociedade que temos ou que queremos. É claro, que em determinados momentos da nossa história, o projeto de sociedade é que foi o eixo condutor de nossa cultura, pois através do pensamento do século XIX, que queria “branquear” o povo brasileiro, os povos europeus, dentre eles alemães, italianos e outros foram trazidos para o Brasil, cada qual com sua cultura peculiar. Isso fez com que houvesse nesse momento uma mistura étnica e cultural no Brasil. Não acredito na teoria da democracia racial, mas temos que concordar que houve miscigenação em todas as partes do Brasil, seja ela forçada ou não e isto fez com que a cultura fosse aspecto interessante para a formação da sociedade vigente.

3 Como você compreende a questão do “centro” e “margem”, “cultura erudita” e “cultura popular”? O que estas questões têm a ver com as outras?

Concordo que com a evolução demográfica da população brasileira e a não distribuição eqüitativa de renda, as “margens” se alagaram nas periferias das grandes cidades e os “centros” acabaram ficando rodeados de milhares de famintos produzidos pela própria exploração e ganância de uns poucos. Acredito que Bitencourt tem razão ao afirmar que “As periferias das cidades passam a concentrar favelas; elas formam a ‘margem’, isto é, aquele lugar geográfico situado ‘fora dos muros’ do centro”[1]. A cultura se faz presente tanto na margem quanto no centro, não de forma separada, distanciada, até porque é produzida coletivamente. Não poderíamos aqui elencar qual seria a cultura “erudita” ou a cultura “popular”, mas apenas refletirmos que ambas estão interligadas pela força que atrai uma e outra. A sociedade brasileira como um todo, mesmo estando as classes antagônicas tão separadas, permitem-se experimentar uma e outra cultura.

4 O que é cultura?

Cultura é tudo aquilo que o ser humano faz e produz, que se modifica com o passar do tempo e que muda a vida e o comportamento de homens e mulheres de seu tempo.

5 Existe uma cultura melhor que outra? Explique sua afirmação.

Não podemos acreditar que haja uma cultura melhor que outra, pois estaríamos incorrendo num erro gravíssimo como o que ocorreu com os europeus que se consideraram superiores, porque acreditavam que tinham a única religião verdadeira, o cristianismo, que sua raça “branca” era superior às demais e que eram os únicos povos civilizados em todo mundo conhecido até o século XV ou XVI. Por estas e outras questões que não acreditamos na superioridade da cultura de uns sobre as de outros. Acreditamos que as diversas formas de cultura são manifestações de cada povo e de cada época.

6 Podemos dizer que no Brasil existe uma cultura da violência? Explique sua afirmação.

Através de nossas leituras e do que vemos quase que diariamente, concordo que, infelizmente, no Brasil a cultura da violência acabou se espalhando, desde a “conquista” dos povos que aqui viviam pelos europeus, até o tráfico de negros da mão África. Mas a cultura da violência se faz mais presente principalmente por questões econômicas, quando poucos acercam-se de toda riqueza produzida e excluem grande parte da população, sendo uma violência de ambas partes, uns porque atacam e outros porque excluem, pelo cultura do machismo de nossa sociedade, pelo preconceito racial, étnico, de gênero, etc. Concordamos que a violência extrapolou todas as barreiras e fronteiras, deixando de ser “algo circunstancial”[2]. A cultura da violência está presente, nos desafiando cada vez mais. Surge exatamente na conquista e invasão dos europeus às nossas terras, através de sua religião, “na relação com os índios, com os negros, com os demais trabalhadores e trabalhadoras, com as mulheres, com as crianças ... por altos índices de homicídios e por pesadas violações dos direitos humanos, como torturas e execuções sumárias”[3]

7 O que você entende por “exercício da cidadania”?

Nada mais que exercer o direito de ser cidadão. Ter casa, saúde, emprego, trabalho descente, educação, descanso, lazer, passeios com a família, com amigos, sozinho. É participar ativamente do processo de construção social, cultural, política, econômica, religiosa, etc, da sociedade em que vive. É não ser coagido nem desrespeitado. Enfim, é viver em liberdade, em segurança, em paz, com felicidade.

8 Uma pessoa que exerce sua cidadania, obrigatoriamente é uma pessoa culta ou não? E uma pessoa culta é necessariamente uma pessoa cidadã ou não? Justifica as suas afirmações.

Não concordo com nenhuma das duas proposições, pois não necessariamente a cidadania seja característica de uma pessoa culta ou que uma pessoa culta seja exatamente cidadã. A cultura faz parte de todos os seres humanos, independentemente de ser cidadã ou não. A demonstração das culturas de um povo não passa necessariamente pelo conceito de cidadania. Podemos ter uma cultura de cidadãos, até porque todos nós temos nossa cultura de acordo com a época histórica em que vivemos.

9 A afirmação de que os brasileiros não tem memória histórica é verdadeira? O que quer dizer “ter memória histórica”?

Não concordo com esta afirmação, mas posso dizer que infelizmente boa parte dos brasileiros não participa dos processos históricos. Não porque não queiram, mas simplesmente porque são deixados de lado. Quero apenas citar aqui dois momentos de nossa história: onde estava o povo na data da Proclamação da República e hoje com o caso do “mensalão”? Será que efetivamente participamos de forma ativa da democracia brasileira? Não é não termos memória histórica, é estarmos afastados dos centros que comandam a política, a economia, a sociedade brasileira.

10 Que possíveis relações e influências podem existir entre Memória histórica e Cultura e Cidadania?

Com certeza, se fôssemos cidadãos de fato e de direito, teríamos uma cultura de cidadania em nosso país. Se pudéssemos participar ativamente das tomadas de decisões teríamos um povo cidadão. Se nossa cultura fosse de participação, com certeza nossa memória histórica seria mostrada de forma diferente, ou seja, influenciando de forma direta os poderes constituídos.

[1] BITENCOURT, Henrique Vicente de. Corpo de mulher, uma história de sedução e violência.
Lages: Papervest Editora, 2004. p. 65.
[2] Idem, p. 67.
[3] Idem. p. 74-75.

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