AMIGOS DO PROFESSOR ZÉ WILSON

segunda-feira, 6 de junho de 2011

MOACIR PEREIRA - O futuro da educação

6 de junho de 2011 | N° 9192 MOACIR PEREIRA
O futuro da educação

O que acontecer na reunião de hoje entre os dirigentes do Sinte e os secretários Marco Tebaldi e Eduardo Deschamps poderá ser decisivo para o futuro da educação em Santa Catarina. Professores e governo estão diante de situações distintas. O governo comprometeu-se em oferecer uma resposta hoje à contraproposta do Sindicato. Ela é ampla, mas contém algumas prioridades, como a incorporação dos prêmios Educar e Jubilar e a manutenção da regência de classe. Como há uma certa flexibilidade em relação a estas duas reivindicações, o que se supõe é que o acordo está mais próximo, se o governo estiver mesmo disposto a acabar com a greve. Outra questão que o Sinte considera fundamental é a realização do concurso para o magistério. Como se trata de decisão política do governador, imagina-se que inexistem problemas para o entendimento.

Os professores enfatizam a importância desse concurso – e com toda a razão – porque o ingresso na carreira pode qualificar o ensino e evitar transtornos para as escolas. Além disso, os ACTs são tidos com os boias-frias da educação. Não têm direitos assegurados, perdem vantagens durante as férias, não saem do patamar salarial em que se encontram e, mesmo com especialização, aperfeiçoamento e pós-graduação, ficam sem perspectiva de sonhar com o plano de carreira.

O governo vem alegando que a municipalização do ensino fundamental recomendava a não realização do concurso. Para onde iriam os professores estáveis comprometidos com o ensino básico? Como há reação forte dos prefeitos contra a municipalização, e como os recursos do Fundeb estão vinculados ao número de alunos, nada impede que o governo autorize o concurso. Uma bandeira que tem legitimidade corporativa.

O JOGO

Atuando diretamente sobre o impasse da greve e respondendo pelo governo, o secretário adjunto da Educação, Eduardo Deschamps, ficou ligado com os técnicos da Secretaria da Administração. Acompanhou as duas simulações sobre os pedidos prioritários do Sinte e as repercussões financeiras. As projeções estarão concluídas esta manhã e serão submetidas ao governador Raimundo Colombo, a quem caberá bater o martelo. Deschamps declara-se um “otimista incorrigível” e diz estar trabalhando por um entendimento.

A presidente do Sinte, Alvete Bedin, também espera que hoje venham boas notícias do Centro Administrativo. A premissa é simples: se o governo faz simulações é porque considerou a contraproposta do Sinte e, portanto, examina a possibilidade de aprová-la, em parte ou no todo.

Um delicado jogo político começa a ser travado a partir de hoje. O governo teve um pesado desgaste com a greve. Ficou claro que acabou surpreendido com a força do movimento dos professores e a qualificada atuação da nova diretoria do Sinte. Os parlamentares da base aliada estão sendo pressionados em suas bases, como se registrou no fim de semana em Lages. O líder do governo, Elizeu Mattos, do PMDB, foi cobrado outra vez por conterrâneos e eleitores. Até conselhos para que deixe a liderança do governo na Assembleia ele recebeu na região serrana.

Raimundo Colombo continua enfatizando que deseja a solução e que continuará as negociações. A greve já foi longe demais. Os professores, por seu turno, também têm limites na mobilização. Nesse enfrentamento, vale mais a competência das partes em avaliar até onde este cabo de guerra pode esticar. Numa greve como esta a capacidade de resistência é muito difícil de ser medida. Curioso é que, se os professores saírem vitoriosos, todos ganham: a educação, a sociedade e até o governo.

http://www.clicrbs.com.br/diariocatarinense/jsp/default2.jsp?uf=2&local=18&source=a3338909.xml&template=3916.dwt&edition=17266§ion=134 - Acesso em 06/06/2011.

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