AMIGOS DO PROFESSOR ZÉ WILSON

sábado, 8 de agosto de 2009

América, um estudo de caso

Resenha

SCHMIDT, Benito Bisso. A Espanha e a América no final do século XV: o descobrimento e a conquista. IN.________WASSERMAN, Cláudia (Coord.). História da América: cinco séculos. Porto Alegre: Editora da Universidade – UFRGS, 1996.

Resumo

Em 1992, vários autores escreveram sobre os quinhentos anos da América ou da chegada dos europeus a este belo continente, sendo que muitos não levaram em consideração que aqui já existiam povos com sua própria história, passando por um momento de transição e que na Europa, por diversos motivos, algumas coisas estavam acontecendo, dando origem às grandes navegações, que vão ser responsáveis neste momento pelo encontro de culturas tão diferentes entre si e ao mesmo tempo tão iguais, apresentando cada uma seus aspectos políticos, econômicos, culturais, sociais e religiosos.

Abstract

Em 1992, vários autores escreveram sobre os quinhentos anos da América ou da chegada dos europeus a este belo continente, sendo que muitos não levaram em consideração que aqui já existiam povos com sua própria história, passando por um momento de transição e que na Europa, por diversos motivos, algumas coisas estavam acontecendo, dando origem às grandes navegações, que vão ser responsáveis neste momento pelo encontro de culturas tão diferentes entre si e ao mesmo tempo tão iguais, apresentando cada uma seus aspectos políticos, econômicos, culturais, sociais e religiosos.

Palavras chave: Capitalismo; Desenvolvimento; Grandes navegações; Modos de produção; Transição.

Keys Word: Capitalism; Development; Great navigations; Ways of production; Transistion

Este material que nos propomos analisar, vem de encontro às necessidades já há muito existentes e que agora, feitas as discussões necessárias, é colocada a obra em nossas mãos para que possamos aprofundar nossos conhecimentos, de forma crítica, sobre a história do continente sul-americano.
Neste trabalho o professor Bisso elenca assuntos sobre a Espanha durante o período de transição do mundo feudal para o capitalismo, bem como a expansão marítimo-comercial, e as idéias e práticas mercantilistas, além do “processo de formação do Estado Absolutista espanhol”, destacando que mesmo sendo agrário, aristocrático e tradicional, o estado espanhol “permaneceu sensível ao grande comércio”, apostando na viagem de Colombo, “na expansão econômica, política e religiosa”, analisando, finalmente, “a vitória dos conquistadores sobre o vasto continente indígena”.
Podemos dizer que na apresentação deste trabalho há um certo respeito sobre o tempo e o local (espaço), pois se tenta partir da realidade ou o mais próximo da realidade de cada povo, só que podemos fazer já de início uma certa crítica, pois como podemos realmente saber o que é a realidade depois de tanto tempo afastado? Será que podemos dizer que o trabalho parte do momento em que a América está “entrando para a história”?
Fazer uma afirmação sobre esse tema seria negar a história, bem como a historicidade do povo nativo ou pré-colombiano, ou mesmo dizer que eles só passaram a ter história a partir do momento em que tem contato com os europeus.
É importante relembrar que este trabalho faz parte de muitos outros que foram produzidos, graças a discussão criada sobre os quinhentos anos da América, onde, mais uma vez, podemos tecer críticas e comentários. Os quinhentos anos são da chegada dos europeus ao continente e não do “descobrimento” deste continente, pois como já foi discutido muitas vezes, descobridor seria aquele que chega primeiro. Tenho certeza de que o europeu, com sua cultura e conhecimento, que tanto alardeou, não pode dizer-se descobridor, pois os povos indígenas já estavam aqui quando da sua chegada.
Ainda podemos questionar sobre a forma com que o autor tenta levar a sua discussão, pois quando trata da Europa, que passa por uma transição do feudalismo para o capitalismo, nos mostra que há uma orientação marxista, pois me parece que se concentra e se mostra, de certa forma, preocupado com o aspecto ou a orientação econômica decadente em relação ao que acontecia com a Península Ibérica, o que seria o trampolim para uma nova sociedade. Dessa forma podemos dizer que trabalha com a teoria dos modos de produção.
Além do que já foi abordado, poderíamos tratar sobre a evolução das grandes navegações, dentro do processo de expansão marítimo-comercial europeu, pois a chegada a América faz parte desse contexto expansionista e por busca de novos mercados. Também é importante salientar a procura de metais preciosos, pois na Europa, já havia uma certa escassez deste produto, além de falarmos de um certo desenvolvimento nas técnicas de navegação, tanto da Espanha quanto de Portugal, principalmente após os estudos de cartógrafos, navegadores, astrônomos e aventureiros, que se reuniam na casa de Dom Henrique, em Sagres, para discutir sobre navegações.
Podemos dizer ainda, que o velho Marx quando estuda a formação das comunidades desde as mais primitivas até as mais complexas, vê uma sociedade hierarquizada, em conflito. Isto poderia acontecer ou estava acontecendo, na Europa e na América, pois no século XV, todos estão vivendo um aspecto de transição, de mudança ao que foram bem pouco tempo atrás.
Outro ponto muito importante e que deve ser levado em consideração, é o aspecto religioso. Onde entra a religião ou expressões religiosas em tudo isto? Segundo Marx, a religião tem um poder de função que vai dar a essência da manutenção da sociedade, servindo como uma anestesia.
Podemos dizer que a estrutura está baseada na religiosidade, tanto na Europa quanto na América. Quando falamos de Europa, ela vai legitimar a conquista da América, inclusive com o uso da violência, da brutalidade e da incoerência. Quando falamos da América, ela vai corroborar com a ocupação a partir do momento em que acreditamos que os povos indígenas já esperavam pela volta de seus deuses, que chegariam do grande lago salgado. De qualquer forma, a religião esteve presente durante a conquista e a destruição dos povos americanos ou pré-colombianos.
Ainda podemos levar em consideração que a América do século XV não tem um sistema de produção totalizante, ou seja, os mais diversos grupos indígenas que aqui vivem ou viviam, tem cada um uma forma de tratar da economia, da política, da vida em sociedade, com culturas e modos de viver diferentes, enquanto na Europa, salvaguardando os aspectos de cada povo ou nação, o comércio ou mesmo o mercantilismo, é parte integrante de algumas nações, Estados Nacionais ou monarquias centralizadas, como a Espanha, Portugal, França, Inglaterra, a região de Flandres, etc.
Ao final do nosso estudo, cabe salientar que os povos indígenas, talvez não tenham sido tão passivos durante todo o processo de conquista, quanto alguns textos ou autores tentam nos fazer acreditar, pois eles também foram agentes de sua história, bem como ofereceram muitas formas de resistência contra a invasão, das mais diversas formas, seja colaborando ou fazendo guerra contra os europeus, seja coletiva ou individualmente, o que já é uma outra história.

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